Como camelos num oásis, os MPs abastecem o tanque no posto do km 16 da Rodovia dos Imigrantes, no município de Diadema, Grande São Paulo, antes da partida.
Com a metrópole de São Paulo ultrapassando os seis milhões de veículos, ninguém mais se impressiona quando apenas 84 ou 85 se reúnem num posto de combustíveis. É preciso acrescentar que são todos carros da mesma marca. Se perguntarem: "E daí?" complete a informação dizendo que são todos conversíveis, fabricados pelo menos 20 anos antes. Quando estes seguem juntos para o litoral e se encontram com mais 14 ou 15 outros da turma, temos mais uma vez a marca da centena gravada no histórico do Clube MP Lafer Brasil.
O passeio do MP é uma tradição que já atravessou uma década e não deixa de atrair a atenção e a ansiedade de quem tem a oportunidade de participar dele. Um misto de apreensão e euforia toma conta de cada um, dias antes da hora marcada. É preciso respeitar os limites do carro e providenciar todas as medidas preventivas para deixá-lo confiável. Mas assim que a chave gira no painel, logo cedo, a confiança embarca junto e os quilômetros pela frente são devorados, mesmo que em velocidade moderada.
Ricardo Marx liga o seu motor para ir buscar o prêmio, pelo segundo ano seguido, de proprietário de MP que veio dirigindo de mais longe, no caso Apucarana do Paraná.
Não é uma corrida de automóveis, tão pouco um ralí de regularidade. O MP Lafer possui linhas clássicas e esportivas, mas sua concepção tem como um dos objetivos aproximar os passageiros do contato com o ambiente externo. Não se trata de ver a paisagem, é fazer parte dela. Tanto que os carros modernos que passam rápido à esquerda, querendo chegar antes ao destino, tem seus vidros escuros abaixados, inundando suas cabines climatizadas com o cheiro do vento, para que seus ocupantes possam tirar fotos com aparelhos celulares.
Com a popularização das máquinas digitais, um aspecto a se registrar nos passeios do MP tem sido este: os protagonistas fotografando e sendo fotografados.
Acenos de mão e buzinas intermitentes. Numa ocasião como esta, não há distinção de pessoas. Todos recebem calor humano, inclusive os atentos guardas rodoviários e as caixas do pedágio.
"Quem é esta gente que ousa curtir o sol antes de chegar na praia?" É um questionamento interessante para ser feito, quando o fim de semana torna-se uma válvula de escape para quem mora e trabalha numa grande cidade como São Paulo, e observa uma seqüência de carros abertos, andando um atrás do outro, sem precisar negociar uma única ultrapassagem.
Infelizmente não é o que se constatou mais adiante, entre Guarujá e Bertioga, quando a estrada passa a ter mão dupla. Alguns carros convencionais cruzaram a faixa contínua e excederam o limite de velocidade, fracionando a fila indiana de MPs apenas para ganhar alguns "preciosos" segundos, logo anulados com a presença de lombadas e rotatórias. Por aí se entende que, se sobraram recursos para adquirir um belo carro novo, talvez importado, faltou um pouco de bom senso ou um toque de classe - algo que, todos sabem, o dinheiro não pode comprar.
Sinal verde, em plena estrada, para quem anda de MP com destino à Bertioga, município onde fica a Riviera de São Lourenço. Agora falta pouco para o destino final.
Uma seta para cada conversível avisa: curva para a direita. A pista cada vez mais estreita intercala veículos convencionais com os carros antigos, ao nível do mar.
A chegada em Riviera de São Lourenço, uma espécie de distrito de Bertioga - cada vez mais autônomo - foi providencial para reagrupar os MPs. Curiosamente, foi naquela região que Percival Lafer, há exatos 35 anos, coordenou os testes de resistência dos primeiros protótipos da marca, na época ainda com a denominação MGT, pelas trilhas que desembocavam nas praias - muito antes da especulação imobiliária rechear o litoral paulista com empreendimentos urbanísticos de diversos portes.
Distintamente de outras localidades que pontuam a costa paulista, a Riviera de São Lourenço não possui uma avenida à beira mar. Para se chegar até a areia é preciso caminhar por vielas e pequenas ruas sem saída. Ricamente arborizada e ocupada por edificações de bom padrão construtivo, o charmoso distrito conta ainda com um simpático centro de compras, cujas redondezas serviu de estacionamento para os MPs, oferecendo ótima infraestrutura para motoristas e acompanhantes, com sanitários e praça de alimentação.
Nada de asfalto e calçada junto ao meio-fio nas ruas da Riviera. O pavimento é composto de blocos hexagonais de concreto, cujos encaixes permitem melhor escoamento da chuva.
Na pacata alameda principal de São Lourenço, a tranqüilidade para andar de bicicleta só é alterada pelo atrativo dos MPs estacionados lado a lado, em frente ao centro de compras.
MPs e palmeiras em série. O clima ajudou muito neste já saudoso 26 de abril, e o apelo para caminhar na praia só foi menor que o de rever os amigos.
Durante a também tradicional troca de prendas entre os membros do Clube MP Lafer Brasil, alguns colaboradores do site mplafer.net, entre eles Gilberto Martines, tomaram o microfone nas mãos e prestaram uma merecida homenagem aos organizadores da festa: Walter Arruda, Romeu Nardini e Marcão - presidente e diretores da entidade. Desta vez a conversa não ficou apenas no discurso e medalhas comemorativas foram entregues, motivando o aplauso caloroso dos demais participantes.
O lado bom de testemunhar um evento como este, é que todos que comparecem o fazem de forma espontânea, deixando em casa as preocupações e os problemas de cada um, levando consigo apenas os pensamentos positivos. O resultado disso é que, apesar do certo cansaço gerado pelas horas somadas à bordo de um carro antigo, o sentimento revigorante que lhe acompanha de volta ao lar é indubitável - resultado da somatória de gente que torce por você e você torcendo por todo mundo.
Com o primeiros MPs deixando o local, o prenúncio da longa jornada de volta para casa, com as baterias recarregadas de entusiasmo para seguir até o final do ano.
O que motiva alguém a levar seu carro para um evento onde todos os demais serão iguais ao seu? Somente as qualidades do modelo não perfazem a resposta completa. Talvez as pessoas gostem de se reunir com outras com quem possam dividir gostos semelhantes, pelo menos num ponto em particular. Ao fazer isso, a troca de conhecimento e experiências é inevitável. É dessa forma que nos sentimos mais vivos, e próximos daquele que nos dá tudo isso de presente.
Só nos resta exclamar: até 2009!
Por Jean Tosetto
Veja também:
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