Temos a satisfação de abrir espaço para as mulheres em nossa seção de entrevistas. Sim, elas também apreciam muito o MP Lafer. Nossa primeira entrevistada possui o seu há mais de trinta anos - uma prova do quanto ela é afeiçoada pelo modelo. Mas não é só isso: Jane Locke faz parte de um seleto grupo de pessoas que enxergam a vida por uma ótica mais sensível e diferenciada. Não obstante, se trata de uma artista. Na verdade, o leitor atento do site mplafer.net já a conhece um pouco, através da Galeria 2008, de onde emprestamos as imagens para ilustrar esta matéria.
Seu MP Lafer 1976 está com você desde zero km. Como foi a aquisição do modelo e quais foram suas primeiras impressões ao guiar o carro?
- Eu estava passando pela Avenida Ibirapuera e vi o MP Lafer na vitrine de uma loja de carros.
Parei meu carro, entrei e perguntei quanto custava. Fiz o cheque e nem cheguei perto do carro, pois estava trabalhando e não podia parar. Combinei que voltaria às 18:30 horas, para pegar o carro. Foi amor à primeira vista.
Quem gosta do MP dificilmente entrega algum aspecto negativo dele, mas nestes últimos 32 anos, seu carro lhe deu muitas preocupações com manutenção?
- O MP Lafer é um carro de fácil manutenção e nos 32 anos comigo só me deu alegrias, do tipo: todo mundo fala comigo que as crianças adoram o carro, e os estrangeiros pedem para fotografar, enfim uma grande satisfação.
Viagens. Há alguma que tenha feito com o conversível em especial? Você teria algum episódio interessante para relatar?
- Viagens curtas, como para o Guarujá. Fiz dezenas delas, mas uma vez resolvi ir à Jaboticabal.
Como o dia estava lindo, resolvi abaixar a capota - o que foi divertidíssimo, pois os caminhões buzinavam para que eu passasse e os motoristas dos carros acenavam. Quando parei no posto fiquei rodeada de curiosos.
Na cidade, o carro fez o maior sucesso e tive que dar voltas no centro com diversas pessoas.
Você é artista plástica num período em que as artes, de modo geral, estão conceitualmente sem um rumo definido. Como é seu trabalho com a reciclagem de metais?
- Meu trabalho com a reciclagem é o seguinte:
Compro peças de latão, bronze e cobre em ferros velhos, feiras e casas de famílias que se mudam.
As vezes, ao olhar o material já sei o que vou criar, mas as vezes compro a matéria prima e espero a inspiração.
Não faço fundição, só reciclo as peças cortando e soldando.
O que a motivou a desenvolver um escudo de kevlar, resistente à balas de Magnun 44?
- Foi por causa de um assalto que tive na esquina da Berrini com a Água Espraiada (avenidas de São Paulo).
Eram dois rapazes com facas e como meu vidro estava fechado eles começaram a esfaquear o vidro e a capota - que cortaram. Nessa altura, o vidro foi baixando e para me defender instintivamente virei para o lado e peguei uma bandeja de latão que eu levava para a oficina.
Segurei a bandeja pela alça e firmei na janela, o que me protegeu até a abertura do semáforo.
Cheguei em casa e ao agradecer à Deus pela proteção, me ocorreu que se conseguisse criar algo semelhante, com material mais leve, poderia ajudar muita gente a se defender.
Este escudo de auto-proteção teve a patente requerida por sua parte, mas o registro foi negado após longos anos. Qual a razão?
- Depois de muito estudo e conversa acabei descobrindo o kevlar, material que prensado é leve e resistente à balas.
Como a idéia era fácil de ser copiada, fiz tudo sozinha: desenhos, material, memorial descritivo... Então fui para o instituto de marcas e patentes e enfrentei filas e mais filas para poder dar início ao processo de patente.
Fiquei anos pagando as taxas e tentando fazer o escudo em diversas firmas de blindagem.
Sofri todas as experiências possíveis, que precisariam um livro para escrever tudo. Cada vez que alguém tentava me prejudicar - e como - alguma luz superior me protegia. Finalmente consegui o primeiro protótipo e o número perfurado, o que é um grande passo no registro da patente e também meu nome no livro de inventores.
Fiz um segundo protótipo que ficou ótimo e testei com um tiro de Magnun 44, que afundou o escudo, mas não perfurou. Quando achei que começaria a produzir, a firma fechou.
Parti para outro fabricante, que foi me cozinhando em banho-maria, até eu descobrir que ele não pretendia fazer o escudo porque achava que prejudicaria a venda de carros brindados.
E por aí foram passando os anos. Até que quando ia sair a patente definitiva, recebi uma carta indeferindo-a, por ser um item de segurança nacional que não poderia ter exclusividade.
Você não tem medo de andar com este escudo no trânsito de São Paulo? Você se sente realmente segura com ele?
- Para um assalto com armas de fogo eu desaconselho, principalmente sendo mais de um assaltante, mas é extremamente útil em vários casos.
Uma de suas criações é a campanha da boa vontade no trânsito. Conte um pouco sobre ela.
- Depois de horas no trânsito eu levava para casa uma carga negativa de raiva e frustração que era difícil de digerir. Achei que se fizesse um esforço, descobriria um jeito de capitalizar de forma construtiva e bem humorada aquela carga. Como todos os brasileiros - especialmente os homens - adoram futebol, achei que se eu mostrasse um cartão amarelo para os infratores, todos entenderiam.
Foi mágico, há pessoas que saem da caixa preta - abaixam o vidro - e acabam dando risada, ou levantando apenas o polegar em aprovação.
O que é mais comum acontecer: você mostrar primeiro o cartão amarelo ou logo de cara abrir seu coração?
- Como muitas vezes recebo gentilezas, como ônibus e caminhões me cedendo passagem, resolvi criar um cartão com um coração vermelho e as palavras "eu amo você" para usar nesses casos.
Não posso descrever o que acontece, mas o calor humano que tenho recebido é de estarrecer, por incrível que pareça mostro mais o cartão do coração.
Alguém já reagiu rispidamente à sua iniciativa?
- Até hoje ninguém respondeu com grosseria aos meus cartazes.
Aos 79 anos de idade, quais são seus próximos projetos? Você considera a opção de se aposentar algum dia?
- Nem pensar em aposentadoria. Pretendo continuar a trabalhar, cursar a universidade da terceira idade e prosseguir no curso de mandarim.
Para finalizar: você recomenda o MP Lafer para os mais jovens?
- Recomendo o MP Lafer para jovens e idosos, pois é um carro muito seguro, durável, além de ser uma paixão.
Deixe seu recado livremente!
- Eu amo você.
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