Recordações da Argentina

Por Jean Tosetto *


Buenos Aires, a capital da Argentina, é uma das cidades estrangeiras que mais recebem turistas brasileiros, mesmo antes da eleição do carismático Papa Francisco. Nos fins de semana é comum ver ônibus de dois andares circulando pelo centro histórico da metrópole, passando por museus, parques e monumentos de forte influência da cultura européia. A Argentina é um destino acessível e compensador, também, para quem aprecia automóveis interessantes.
Buenos Aires, a capital da Argentina, é uma das cidades estrangeiras que mais recebem turistas brasileiros, mesmo antes da eleição do carismático Papa Francisco. Nos fins de semana é comum ver ônibus de dois andares circulando pelo centro histórico da metrópole, passando por museus, parques e monumentos de forte influência da cultura européia. A Argentina é um destino acessível e compensador, também, para quem aprecia automóveis interessantes.

Viajar a passeio é sempre um investimento, nunca uma simples despesa. Ter tempo, recursos financeiros e disposição para viajar é sinal de bem aventurança. Se esta viagem puder ser registrada em fotos e vídeos, melhor ainda.

Antigamente, com as câmeras fotográficas convencionais, que utilizavam filmes negativos de 12, 24 ou 36 poses, a captação de imagens era mais comedida e seletiva. Focava-se geralmente nas pessoas diante das atrações turísticas do destino. Em geral, era grande a expectativa no momento da revelação do filme, pois nem todas as fotos resultavam em instantâneos de qualidade.

Com o advento das câmeras digitais, a reprodução das imagens se multiplicou exponencialmente. Ao invés de 60 ou 70 fotografias reveladas numa viagem inteira, as pessoas passaram a produzir de 100 a 200 imagens ao dia. Porém, a maioria delas simplesmente não é impressa, mofando virtualmente em discos rígidos ou mesmo em cartões de memória.

Os mais entusiasmados por fotografias, no entanto, puderam aumentar o leque de seus temas de interesse, fotografando as pessoas em doses cavalares, mas também a arquitetura das cidades, as eventuais riquezas naturais de um país, as paisagens deslumbrantes e também os carros exóticos.

Você sabe que uma viagem rende quando se vê impedido, por qualquer razão, a viajar novamente por algum tempo. Podem ser os compromissos profissionais, podem ser as necessidades da família - como cuidar de um bebê, por exemplo - entre diversos motivos.

O jeito é relembrar uma viagem especial, e vivê-la novamente através das fotos. Foi o que fizemos em relação a um fim de semana prologando curtido intensamente em julho de 2011, em Buenos Aires, a capital da Argentina.

Fique tranquilo. Você visitou um site dedicado aos carros. Então, nas fotos a seguir, você não verá pessoas fazendo pose de gente feliz. Verá um pouquinho de arquitetura e de belas paisagens, e isso não vai  te incomodar. Aprecie os carros que você não vê diariamente no Brasil e faça também uma boa viagem.

O Chevrolet Chevy II, também conhecido como Chevy Nova, foi produzido pela General Motors entre 1962 e 1979, através de cinco gerações. Na Argentina o modelo disputou o mercado com o Ford Falcon, que é mais fácil de ser visto pelas ruas portenhas. O Nova não vendeu tão bem quanto o Falcon pois reza a lenda urbana que "Nova" em espanhol soa como a expressão "não vá" em português.
O Chevrolet Chevy II, também conhecido como Chevy Nova, foi produzido pela General Motors entre 1962 e 1979, através de cinco gerações. Na Argentina o modelo disputou o mercado com o Ford Falcon, que é mais fácil de ser visto pelas ruas portenhas. O Nova não vendeu tão bem quanto o Falcon pois reza a lenda urbana que "Nova" em espanhol soa como a expressão "não vai" em português.

Este mini-carro pertence à Polícia Federal Argentina, cujo conceito é diferente do Brasil, onde tal veículo seria mais adequado a uma Guarda Municipal, dado que sua função é atender a uma comunidade local. Suas dimensões reduzidas permitem que o policial possa conduzir o pequeno automóvel pelos calçadões que permeiam o centro de Buenos Aires, interligando grandes praças pontuadas por edificações governamentais.
Este mini-carro pertence à Polícia Federal Argentina, cujo conceito é diferente do Brasil, onde tal veículo seria mais adequado a uma Guarda Municipal, dado que sua função é atender a uma comunidade local. Suas dimensões reduzidas permitem que o policial possa conduzir o pequeno automóvel pelos calçadões que permeiam o centro de Buenos Aires, interligando grandes praças pontuadas por edificações governamentais.

Já imaginou conhecer os lugares mais interessantes de Buenos Aires a bordo de um Citroën 3CV? Este é justamente o serviço que a Buenos Aires Vintage oferece. O pequeno carrinho, de apenas dois cilindros e motor de pouco mais de 600 cm³, foi lançado como 2CV na França em 1948 e teve boa aceitação na Argentina, onde foi fabricado até 1979. O teto removível garante diversão e romantismo.
Já imaginou conhecer os lugares mais interessantes de Buenos Aires a bordo de um Citroën 3CV? Este é justamente o serviço que a Buenos Aires Vintage oferece. O pequeno carrinho, de apenas dois cilindros e motor de pouco mais de 600 cm³, foi lançado como 2CV na França em 1948 e teve boa aceitação na Argentina, onde foi fabricado até 1979. O teto removível garante diversão e romantismo. 

O Renault 4 foi produzido na Argentina entre 1963 e 1975 pela IKA - Industrias Kaiser Argentina, e pela própria Renault até 1987. A IKA foi uma espécie de prima da Willys Overland do Brasil, que também fabricava modelos licenciados da Renault francesa e Jeep americana. Repare na rodas do modelo, idênticas ao do primeiro Corcel da Ford e do Gordini da Renault. A explicação: o projeto original do Corcel era da Willys Overland, que foi comprada pela Ford no Brasil em 1968.
O Renault 4 foi produzido na Argentina entre 1963 e 1975 pela IKA - Industrias Kaiser Argentina, e pela própria Renault até 1987. A IKA foi uma espécie de prima da Willys Overland do Brasil, que também fabricava modelos licenciados da Renault francesa e Jeep americana. Repare nas rodas do modelo, idênticas ao do primeiro Corcel da Ford e do Gordini da Renault. A explicação: o projeto original do Corcel era da Willys Overland, que foi comprada pela Ford no Brasil em 1968.

Este robusto caminhão Ford, do início da década de 1950, pode ser visto no parque zoológico de Temaikèn, na cidade de Belén de Escobar. A Fundación Temikèn é uma organização nacional sem fins lucrativos dedicada à conservação do eco-sistema argentino e educação para este fim. A visita vale cada centavo, não exatamente pelas raridades automotivas, mas pela beleza da fauna e flora local.
Este robusto caminhão Ford, do início da década de 1950, pode ser visto no parque zoológico de Temaikèn, na cidade de Belén de Escobar. A Fundación Temikèn é uma organização nacional sem fins lucrativos dedicada à conservação do eco-sistema argentino e educação para este fim. A visita vale cada centavo, não exatamente pelas raridades automotivas, mas pela beleza da fauna e flora local.

Também exposto no Temaikèn, este caminhão Chevrolet 1925 pertenceu originalmente a uma vinícola da província de Mendoza, cuja função era transportar as uvas para a adega e materiais para os parreirais. Nos últimos anos de sua carreira, o caminhão obrigava o chofer a ter conhecimentos de mecânica para consertos constantes, quando trajetos de 40 minutos eram estendidos para até três horas.
Também exposto no Temaikèn, este caminhão Chevrolet 1925 pertenceu originalmente a uma vinícola da província de Mendoza, cuja função era transportar as uvas para a adega e materiais para os parreirais. Nos últimos anos de sua carreira, o caminhão obrigava o chofer a ter conhecimentos de mecânica para consertos constantes, quando trajetos de 40 minutos atrasavam até três horas. 

O MGB é o conversível que teve mais tempo de produção no continente europeu até hoje, tendo sido fabricado entre 1962 e 1980, quando a MG original encerrou sua trajetória antes de se tornar apenas um selo comprado e revendido por conglomerados.  A partir dos anos 70, a versão exportada para os Estados Unidos contava com para-choques de plástico reforçado no lugar dos cromados. Foi esta versão que chegou até a Argentina.

Um fim de semana, mesmo quando prolongado, passa muito rápido, não é mesmo? Confesso que tinha a expectativa de ver muito mais carros antigos e diferentes na Argentina. Como nem sempre estava com a câmera a tiracolo, deixei passar uma Alfa Romeo de Grand Prix, exposta numa vitrine, e também uma linda Lancia Stratos amarela, ronronando numa estrada vicinal. Eis o que nos faz querer retornar um dia.

Leia mais artigos da coluna "Editor Volante".
* Jean Tosetto é arquiteto desde 1999 e editor do site mplafer.net desde 2001. É também autor do livro “MP Lafer: a recriação de um ícone” - lançado em 2012.

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