Campanha por um mundo melhor: homens que se prezam abrem a porta do carro para elas. |
Para que a paixão por carros antigos não interfira no relacionamento pessoal, é importante compartilhar os momentos prazerosos.
Por Jean Tosetto *
Que homens são apaixonados por carros, todo mundo está cansado de saber. Que nem todas as mulheres compartilham de tal sentimento, idem. Então, como fazer para administrar essas diferenças de comportamento, que tanto enriquecem a relação entre os sexos? A resposta está em oferecer doses homeopáticas de seu possante para a sua esposa, namorada ou “ficante” – essa categoria criada por adolescentes que contaminou gente adulta e até pessoas ingressando na terceira idade.
Quando você trabalha muito, as horas livres para curtir a vida ficam escassas e nestas ocasiões bate a ansiedade: você não quer deixar seu carango na garagem, mas por outro lado precisa dar atenção para a dona de seu coração. Não caia na roubada de levá-la para uma viagem muito longa, especialmente se a sua máquina for mais antiga. Todo o entusiasmo que você sente acelerando o automóvel não atinge a sua companheira na mesma medida por uma simples razão: ela não está no volante.
Quem é apenas passageira também aprecia um passeio pelo campo, mas em proporções menores. A janela aberta manualmente deixa o vento entrar, assim como o cheiro de mato e eventualmente da lenha queimando no fogão de uma colônia. Ao abaixar a capota o sol bronzeia a pele, mas são as gotículas de óleo queimado por caminhões que deixam a face mais avermelhada, perceptível quando se tira os óculos escuros. O refresco das copas das árvores se cruzando num fundo de vale é bem vindo.
Todas essas sensações – misturadas com o ronco do motor, com a conversa fácil e com os cabelos balançando junto com as pequenas ondulações do asfalto – dão lugar ao cansaço depois de uns 200 quilômetros. A partir daí o acento começa a incomodar, os buracos da pista são recebidos com irritação e o sobe e desce das regiões serranas apenas provoca enjoos.
Quem está na direção continua se divertindo, pois a concentração no comando do conjunto mecânico protela as tensões nos ombros e no pescoço. Mas quando chega o destino você olha para o lado e não vê uma pessoa satisfeita, com o potencial se despertando para admirar seu carro, mas constata que ela está agradecendo pela viagem finalmente ter se encerrado.
O segredo para evitar isso? Não ultrapasse a barreira dos 200 quilômetros e estabeleça um gostoso intervalo no meio. Vá para uma cidade não muito longe, que seja servida por uma estradinha idílica e que tenha atrativos locais. As mulheres adoram caminhar por lojinhas, em busca de produtos de artesanato e lembrancinhas. Pode ser um porre para você, mas acompanhe ela pelo lado de fora da calçada e a leve para almoçar num restaurante de fato – e não num fast-food, OK?
Nos passeios pequenos, somente os prazeres do dia vão se sobressair. Portanto, dirija de modo comedido e não banque o piloto de rali dos sertões. Quando a estrada deixar, coloque seu braço direito sobre o encosto do banco dela. Deixe a reminiscência do orvalho soprado em suas narinas misturar-se com o sabor da comida típica do lugar e depois leve a moça para tomar um café revigorante, antes de pegar o caminho de volta para casa.
Logicamente, abra sempre a porta do carro para ela, que deve perceber que você gosta ainda mais dela do que de seu veículo. Deste modo, as chances dela começar a ver sua máquina com outros olhos aumentam, a ponto de você poder combinar passeios mais distantes, desta vez sem problemas: na barreira dos 200, você pode até passar o volante para ela!
Se você pensa que estou querendo te ajudar com as garotas, lhe passando um pouco da minha experiência – que afinal de contas nem é tão grande assim – não se engane, pois a verdade é outra: estou jogando mesmo é para o time das mulheres. Ao casar com minha namorada, percebi que o mundo gira por causa delas e para elas.
* Jean Tosetto é arquiteto desde 1999 e editor do site mplafer.net desde 2001. É também autor do livro “MP Lafer: a recriação de um ícone” - lançado em 2012.
Este artigo foi publicado originalmente na Revista MotorMachine número 02, em maio de 2013.
Sensacional! falou Tudo colega Arquiteto ean Tossetto. Se não fosse pelas sábias e doces palavras, sem aquela camiseta polo e óculos escuro de arquiteto, nem teria te reconhecido de terno preto. Grande abraço e cultive sua esposa assim como o faz, e lembre-se, as filhas acabam por procurar pares no futuro que se pareçam nos modos com seus pais, porisso, tartar bem a esposa é fundamental. O carro, hó o carro, quase esqueci, mas, continua um lindo MP Lafer Vermelho. Texto maravihoso mesmo, se todos nós homens fossemos assim, elas seriam mais felizes.
ResponderExcluirPrezado Carlos Alberto, esta foto foi feita no dia do meu casamento pelo D'J Martinez, que também possui um MP Lafer. Esse dia inesquecível renderia outra crônica, que ficará para outra oportunidade.
ExcluirAo que tudo indica, minha filha, apesar da tenra idade, vai compartilhar minha paixão pela Renata e pelos passeios de conversível. Abraços!
achei sensacional o texto do já conceituado escritor Jean Tosetto. Mas digo, não sofro deste mal.
ResponderExcluirquando encontrei um amigo fazendo a inscrição para um encontro e perguntei-lhe sobre sua mulher, ele me respondeu: eu vim com meus dois filhos no meu carro antigo, ela veio no dela, um carro novo. Indaguei-lhe sobre os motivos, ele respondeu que ela não acha os carros antigos seguros e realmente não gosta deles. No mesmo momento ela aparecia ao lado dele, quando eu retruquei: Eu também tinha uma assim, TROQUEI. Ela saiu no mesmo instante e nunca mais me cumprimentou, quando lhe pergunto sobre ela ele diz: ela não pode te ver...
Fui casado até o ano de 2007 com uma pessoa muito legal, mas que dizia que se tivesse que sair num Galaxie, só deitada (para não aparecer).
Minha esposa atual, é realmente tudo que sonhei, adora os veículos antigos, temos vários, assim como as motos, temos duas antigas, minha sócia em quase todos eles, pelo menos os adquiridos após nossa união, sempre quer ser minha sócia. Podem ficar com ciumes. abraços e parabéns pelo texto.
Leonardo Simonato
Carazinho/RS
Caro Leonardo, faço votos que os padres e pastores possam ler seu comentário, para aprimorar as mensagens de casamento, para que as pessoas possam ficar juntas na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza, e agora também nos carros novos ou antigos.
ExcluirIronias de lado, é muito bom encontrar alguém na vida que nos completa e divide conosco os mesmos interesses. Quando se rema para o mesmo lado, o barco vai para frente, não é mesmo? Abraços!
Parabéns pelo texto, embora seja jovem você é um romântico a moda antiga.
ResponderExcluirQuerida Maria de Lourdes, romantismo não tem idade, e mesmo quando não há romantismo, um pouquinho de educação e gentileza sempre faz a diferença. Grato pela leitura!
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